22 de jan. de 2010

Henri Lefebvre


"o corpo é um elemento espacial (..) o espaço foi produzido antes de ser lido e não é produto para ser lido, mas para ser vivido por pessoas que têm um corpo e uma vida no contexto urbano (...). O homem prova o espaço com todo o seu corpo, o cheiro, as pernas, o ouvido que percebe os ruídos, com o olho que vai vendo, (...) é a partir do corpo que o homem se percebe e vive o espaço (...)".
Henri Lefebvre. A Produção do espaço

20 de jan. de 2010

Sumário: Geografia histórica do Brasil - Cinco ensaios, uma proposta e uma crítica

Geografia histórica do Brasil - Cinco ensaios, uma proposta e uma crítica

Antonio Carlos Robert Moraes

Capítulo1 - Ocidentalismo e História da Geografia Brasileira
Capítulo 2 - Geopolítica da instalação portuguesa no Brasil
Capítulo 3 - Território, região e formação colonial
3.1 Apontamentos em torno da Geografia
3.2Histórica da Independência Brasileira
Capítulo 4 - Introdução à afirmação da territorialidade estatal no Brasil
Capítulo 5 - O sertão: um “outro” geográfico
Capítulo 6 - A construção do território no Brasil
6.1. História, planejamento e infra-estrutura
Capítulo 7 - Na trilha o purgatório. Política e modernidade na Geografia Brasileira Contemporânea

18 de jan. de 2010

Resumo: Para onde vai o pensamento geográfico

Para onde vai o pensamento geográfico
Ruy Moreira

Com o intuito de estimular o debate da geografia diante da fragmentação do olhar geográfico Ruy Moreira apresenta e analisa os problemas que cercam a geografia moderna. Centrado na crítica aos conceitos de natureza, homem e economia na geografia, o autor apresenta os percursos que conformaram a chamada geografia moderna. Assim como busca apontar como o mundo caminha de forma acelerada para o encontro da biologia molecular com a bioengenharia.

Alexander von Humboldt

Considerações sobre os diferentes graus de prazer que oferecem o aspecto da natureza e o estudo das suas leis
Alexandre Von Humboldt

(...)
Se consideramos o estudo dos fenômenos físicos não em suas relações com as necessidades materiais da vida, mas em sua influência geral sobre os progressos intelectuais da humanidade, o mais elevado e importante resultado desta investigação é o conhecimento da conexão existente entre as forças da Natureza e o sentimento íntimo de sua mútua dependência. A intuição dessas relações é o que amplia nossas perspectivas e enobrece nossos prazeres. Este alargamento de horizontes é resultado da observação, da meditação e do espírito do tempo em que se concentram todas as direções do pensamento. A história revela a quem sabe penetrar através das camadas dos séculos precedentes até as raízes profundas de nossos conhecimentos como, desde há milhares de anos, o gênero humano trabalhou para conhecer, nas mutações incessantemente renovadas, a invariabilidade das leis naturais e para conquistar progressivamente uma grande parte do mundo físico pela força da inteligência. Interrogar os anais da história é seguir essa trilha misteriosa, sobre a qual a imagem do Cosmos revelada primitivamente ao sentido interior como um vago pressentimento da harmonia e da ordem do Universo, se oferece hoje como fmto de longas e sérias observações.

A essas duas épocas na consideração do mundo exterior, ao primeiro lampejo da reflexão e no período de civilização avançada, correspondem dois gêneros de prazeres. O primeiro, próprio da simplicidade primitiva das épocas antigas, nasce da percepção da ordem expressa pela sucessão regular dos corpos celestes e o desenvolvimento progressivo da organização; o outro, resulta do conhecimento exato dos fenômenos. Desde o momento em que o homem, ao interrogar a Natureza, não se limita à observação, mas articula fenômenos sob determinadas condições, desde que recolhe e registra os fatos para estender a investigação para além da curta duração de sua existência, a Filosofia da Natureza se despoja das formas vagas que a caracterizava desde sua origem; adota um caráter mais sério, confronta o valor das observações, já não adivinha, combina e raciocina. As afirmações dogmáticas dos séculos anteriores se conservam somente nas crenças do povo e das classes que, por sua falta de ilustração, a ele se assemelham, e se perpetuam sobretudo em algumas doutrinas que se revestem de uma aparência mística para ocultar sua debilidade.

As linguagens carregadas de expressões figuradas conservam os traços dessas primeiras inhlições. Um reduzido número de símbolos, produto de uma feliz inspiração em tempos primitivos, é capaz de ir tomando pouco a pouco formas vagas e, se melhor interpretados, incorporarar-se inclusive na linguagem científica. A Natureza, considerada por meio da razão, quer dizer, submetida em seu conjunto à ação do pensamento, é a unidade na diversidade dos fenômenos, a harmonia entre as coisas criadas que diferem por sua forma, por sua constituição e pelas forças que as animam; é o Todo animado por um sopro de vida. A realizaçáo mais importante de um estudo racional da Natureza é apreender a unidade e a harmonia existentes nesta imensa acumulação de coisas e forças; assumir com o mesmo interesse tanto os resultados das descobertas dos séculos passados como o que se deve às investigações dos tempos atuais e analisar as características dos fenômenos sem sucumbir sob sua massa. Penetrando nos mistérios da Natureza, descobrindo seus segredos e dominando pela ação do pensamento os materiais recolhidos mediante a observação, é como o homem pode mostrar-se mais digno de seu alto destino.

Se refletimos acerca dos diferentes graus de prazer que suscita a contemplação da Natureza, descobrimos que, em primeiro lugar, deve colocar-se um tipo de impressão inteiramente independente do conhecimento profundo dos fenômenos físicos e independente também do caráter individual da paisagem e da fisionomia da região que nos rodeia. Em qualquer lugar de planura monótona, sem mais limites que o horizonte, onde a vegetação homogênea de arbustos ou gramíneas cobre o solo, em qualquer lugar onde as ondas do mar banham a costa e marcam sua passagem com estrias verdes de algas, o sentimento da Natureza, grande e livre, embarga nossa alma e nos revela, como por uma misteriosa inspiração, que as forças do Universo estão submetidas a leis. O simples contato do homem com a Natureza, esta influência dos grandes espaços, ou do "ar livre", como dizem outras línguas com maior beleza, exercem uma ação de sossego, aplacam a dor e acalmam as paixões, ao mesmo tempo que a alma se sente intimamente agitada. Esta benéfica influência o homem a recebe em todas as partes, qualquer que seja a zona que habite e qualquer que seja o grau de cultura intelectual que tenha alcançado. O tanto de arrebatador e de solene que há nas impressões que assinalamos se deve ao pressentimento da ordem e às leis, que surge espontaneamente do simples contato com a Natureza, assim como do contraste que oferecem os estreitos limites de nosso ser com a percepção do infinito que se revela onde quer que seja, na abóbada estrelada do céu, na planície que se estende mais além de nossa vista, no brumoso horizonte do oceano.

Outro tipo de prazer é o produzido pela configuração concreta da paisagem, pela forma da superfície do globo em uma região determinada. As impressões deste gênero são mais vivas, melhor definidas, mais de acordo com certos estados de ânimo. Algumas vezes é a imensidão das massas, a luta dos elementos isolados ou a desolação das estepes, como no norte da Ásia, o que excita nossa emoção; outras, sob o domínio de sentimentos mais suaves, a suscita o aspecto dos campos cobertos por abundantes colheitas, a casa na margem de uma torrente ou a fecundidade acrescentada ao solo vencido pelo arado.

(...)
A tentativa de decompor em seus diversos elementos a magia do mundo físico está cheia de riscos, porque o caráter fundamental de uma paisagem e de qualquer cenário importante da Natureza deriva da simultaneidade de idéias e de sentimentos que suscita no observador. O poder da Natureza se manifesta, por assim dizer, na conexão de impressões, na unidade de emoções e sentimentos que se produzem, de certo modo, de uma só vez. Se queremos detectar suas origens parciais, é preciso recuar por meio da análise à individualidade das formas e à diversidade das forças ...
(...)
Não se trata neste ensaio da Física do Mundo de reduzir o conjunto dos fenômenos sensíveis a um pequeno número de princípios abstratos, sem outra base que não a razão pura. A Física do Mundo que tento expor não pretende elevar-se às perigosas abstrações de uma ciência puramente racional da Natureza; é uma Geografia Física unida à descrição dos espaços celestes e dos corpos que se encontram nesses espaços. Alheio às preocupações da Filosofia puramente especulativa, meu ensaio sobre o Cosmos é uma consideração do Universo fundada em um empirismo racional, quer dizer, sobre um conjunto de fatos registrados pela ciência e submetido à ação de um entendimento que compara e combina. Só dentro desses limites a obra que empreendi se entronca com o tipo de trabalho a que consagrei minha longa trajetória científica.

Não me aventuro a entrar em um campo onde não saberia mover-me com desembaraço ainda que talvez outros possam tentá-lo com êxito. A unidade que trato de detectar no desenvolvimento dos grandes fenômenos do Universo é a que oferecem as concepções históricas. Tudo que se relacione com individualidades acidentais, com o componente variável da realidade, tanto se trate da forma dos seres como da agrupação dos corpos, ou da luta dos homens com os elementos e dos povos com os povos, não pode ser deduzido só com idéias, ou seja, racionalmente construído.

Creio que a descrição do Universo e a história das sociedades se encontram no mesmo grau de empirismo, mas, submetendo os fenômenos físicos e os acontecimentos ao trabalho da inteligência e remontando a suas causas por meio da razão, se confirma cada vez mais a antiga crença de que as forças inerentes à matéria e as que regem o mundo moral exercem sua ação sob o império de uma necessidade primordial e segundo movimentos que se repetem de forma periódica ou em intervalos irregulares. Esta necessidade das coisas, este encadeamento oculto mas permanente, esta renovação periódica no desenvolvimento progressivo das formas, dos fenômenos e dos acontecimentos, constituem a Natureza, que obedece a um impulso primário determinado. A Física, como seu próprio nome indica, se limita a explicar os fenômenos do mundo material por meio das propriedades da matéria.

O objeto mais elevado das ciências experimentais é, portanto, chegar ao conhecimento das leis e generalizá-las progressivamente. Tudo que esteja mais além não é do domínio da Física do Mundo e pertence a um gênero de especulações mais elevadas Emmanuel Kant, um dos raros filósofos que até agora não foram acusados de heresia, assinalou os limites das explicações físicas com uma extraordinária sagacidade em seu célebre "Ensaio sobre a teoria e a construção dos Céus", publicado em Koenisberg em 1755.
(...)

Fonte: http://www.uff.br/geographia/ojs/index.php/geographia/article/view/158/153

17 de jan. de 2010

Haiti - LA MALDICIÓN BLANCA


Eduardo Galeano

Los esclavos negros de Haití propinaron tremenda paliza al ejército de Napoleón Bonaparte; y en 1804 la bandera de los libres se alzó sobre las ruinas.

Pero Haití fue, desde el pique, un país arrasado. En los altares de las plantaciones francesas de azúcar se habían inmolado tierras y brazos, y las calamidades de la guerra habían exterminado a la tercera parte de la población.

El nacimiento de la independencia y la muerte de la esclavitud, hazañas negras, fueron humillaciones imperdonables para los blancos dueños del mundo.

Dieciocho generales de Napoleón habían sido enterrados en la isla rebelde. La nueva nación, parida en sangre, nació condenada al bloqueo y a la soledad: nadie le compraba, nadie le vendía, nadie la reconocía.

Por haber sido infiel al amo colonial, Haití fue obligada a pagar a Francia una indemnización gigantesca. Esa expiación del pecado de la dignidad, que estuvo pagando durante cerca de un siglo y medio, fue el precio que Francia le impuso para su reconocimiento diplomático.

Nadie más la reconoció. Tampoco la Gran Colombia de Simón Bolívar, aunque él le debía todo. Barcos, armas y soldados le había dado Haití, con la sola condición de que liberara a los esclavos, una idea que al Libertador no se le había ocurrido. Después, cuando Bolívar triunfó en su guerra de independencia, se negó a invitar a Haití al congreso de las nuevas naciones americanas.

Haití siguió siendo la leprosa de las Américas.

Thomas Jefferson había advertido, desde el principio, que había que confinar la peste en esa isla, porque de allí provenía el mal ejemplo.

La peste, el mal ejemplo: desobediencia, caos, violencia. En Carolina del Sur, la ley permitía encarcelar a cualquier marinero negro, mientras su barco estuviera en puerto, por el riesgo de que pudiera contagiar la fiebre antiesclavista que amenazaba a todas las Américas. En Brasil, esa fiebre se llamaba haitianismo.

13 de jan. de 2010

Haiti


Se é certo que a natureza é democrática em sua ação seus efeitos não o são. Um país pobre e miserável como o Haiti sofre com muito mais violência e destruição os impactos de um catástrofe natural como essa.

Se o terremoto é natural seus efeitos não deixam de nos levar a refletir sobre as condições históricas que levam a existência de um "Haiti".

A reflexão é precisa, assim como as ações. Mas agora é bem pouco o que podemos fazer diante da tragédia ocorrida.

Não é questão de cada um fazer a sua parte que todo mundo junto pode mudar. Doações são paliativas mas há uma situação imediata.

Quem quiser, puder e se sentir a vontade ...
O GOVERNO BRASILEIRO DISPONIBILIZOU PARA DOAÇÃO ao HAITI uma conta aberta no Banco do Brasil, em nome de SOS Haiti. O número da agência é 1606-3, e a conta corrente, 91.000-7. Os depósitos podem ser feitos de qualquer parte do Brasil e também do exterior.
Divulguem.



"O verdadeiro revolucionário é movido por grandes sentimentos de amor." É o amor a humanidade que deve direcionar as nossas ações.