27 de mai. de 2010

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14 de mai. de 2010

Resenha: Globalização, democracia e terrorismo

HOBSBAWM, Eric J. Globalização, democracia e terrorismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

O historiador Eric J. Hobsbawm pode ser considerado um dos maiores pensadores ainda em ação, bem como um dos mais longevos. No ano em que completou 90 anos (2007), o autor de A Era dos Extremos lançou um novo livro. Em Globalização, Democracia e Terrorismo, Hobsbawm apresenta, em dez pequenos artigos, questões relevantes para entendermos os desdobramentos do mundo neste início de século XXI.

Como o próprio autor faz questão de ressaltar, o que se convencionou chamar de globalização não pode ser entendido como um tempo de igual divisão internacional política, econômica e militar entre os diferentes países. Os processos de intercâmbio comercial, informacional, cultural e financeiro são marcados pelas novas formas de relação desigual entre países.

Nesta obra, um conjunto de conferências e textos produzidos entre 2000 e 2006, o autor afirma que as questões centrais dizem respeito às

[...] preocupações internacionais específicas desse período, que foi dominado pela decisão tomada pelo governo dos Estados Unidos em 2001 de afirmar uma hegemonia unilateral sobre o mundo, condenando convenções internacionais até então aceitas, reservando-se o direito de fazer guerras de agressão ou outras operações militares sempre que o desejasse e levando-as à prática (Hobsbawm, 2007, p. 13-14).

A conjuntura internacional após os eventos de 11 de setembro de 2001, como também a posição da economia norte-americana, com momentos de crises anunciadas, são fundamentais para a análise de nosso tempo.

A natureza das guerras e conflitos bélicos do século XXI é um tema central nessa obra, sobretudo, em um momento em que as diferenças entre combatentes e não-combatentes são diluídas, fato provado pela grande percentagem de mortos nas guerras atuais ser de civis não envolvidos diretamente na guerra. Comparando os dados sobre mortes das duas Grandes Guerras Mundiais e das guerras atuais, Hobsbawm mostra como, atualmente, mais de 80% dos mortos e atingidos em uma guerra são não-combatentes, o que contrasta fortemente com os números relativos aos conflitos já citados. Como afirma o autor:

No início do século XXI, encontramo-nos num mundo em que as operações armadas já não estão essencialmente nas mãos dos governos ou dos seus agentes autorizados, e as partes distantes não têm características, status e objetivos em comum, exceto quanto à vontade de utilizar a violência (ibid., p. 23).

Para nosso autor, as razões para tal mudança estariam no fato de que,

[...] a partir do fim da guerra fria, porque a maioria das operações militares desde então não foi conduzida por exércitos regulares, e sim por grupos diminutos de soldados, regulares ou não, operando, em muitos casos, armas de alta tecnologia e protegidos contra o risco de sofrer baixas (ibid., p. 24),

o potencial destrutivo se intensifica, sobretudo, com danos sérios para os não-envolvidos.

Se podemos afirmar que há uma diminuição dos conflitos entre países, no início do século XXI, também é possível afirmar que aumentaram drasticamente os conflitos armados internos em muitos países do mundo. As preocupações com a natureza, as mudanças e as conseqüências das formas contemporâneas de guerra são desenvolvidas nos dois primeiros capítulos do livro.

A natureza dos conflitos e das guerras do último quartel mostra uma característica: uma inegável diminuição dos choques entre países e menos ainda disputas envolvendo a definição de fronteiras internacionais. Por outro lado, têm sido recorrentes distúrbios internos em que há participação de outros países, seja em ações unilaterais/individuais ou mediante ações conjuntas de vários Estados sob a coordenação da Organização das Nações Unidas (ONU), da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) ou mesmo de um país que esteja no comando, mas com soldados de muitas nacionalidades.

Em seguida, nos caps. 3 e 4, Hobsbawm inicia uma discussão acerca da especificidade da dominação estadunidense em nosso tempo. Reconhecendo características imperiais no papel que os Estados Unidos desempenham no sistema internacional, o autor aponta a necessidade de não se confundir essa atuação com a de outros impérios, não só de épocas pré-capitalistas, como também do século XIX e início do século passado, como foi o caso do império britânico.

Ao mesmo tempo, este início de século XXI ratifica os indícios de que, com o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), os Estados Unidos assumem a conotação de única superpotência mundial, em termos de capacidade militar, política e econômica, ainda que, neste último tópico, haja indícios de que a China possa vir a ameaçar a liderança estadunidense.

Todos os perigos dessa condição têm sido provados pelas incursões dos Estados Unidos, sobretudo, a partir do 11 de Setembro. A ânsia imperialista assume um caráter mais público e menos "eufemizado"com as ações observadas ao longo da década, mas não pode ser ignorada, de modo algum, a contribuição dos outros países nesse sentido. Tem sido alardeado quase que semanalmente não apenas o papel desempenhado pela Inglaterra, sobretudo nos anos Tony Blair, como também o de outros países europeus e asiáticos, como corolários dessa nova ordem mundial. Ainda que se observem algumas fissuras nesse bloco, como a rejeição russa ao programa militar de uma base de lançamentos de mísseis de longo alcance a ser implantada pelos norte-americanos próxima a seu território, isso não é suficiente para sequer arranhar a liderança e a condução do processo.

Nem mesmo os organismos internacionais têm força para tentar barrar essa dominação unilateral estadunidense, embora tenhamos provas recorrentes de que, em momento algum, esse tenha sido o objetivo de algum deles. Como afirma Hobsbawm acerca de organismos como Banco Mundial, Organização Mundial do Comércio, Fundo Monetário Internacional, Nações Unidas,

Nenhum desses órgãos tem algum poder efetivo além daquele que lhes é conferido voluntariamente pelos Estados, ou por acordos entre eles, ou graças ao apoio de países poderosos. [...] Como apenas os Estados têm poder real, o risco é que as instituições internacionais se mostrem ineficazes ou carentes de legitimidade ao tentarem lidar com questões como os crimes de guerra (ibid., p. 29).

A especificidade do papel de relevo ocupado pelos Estados Unidos, hoje, na dinâmica de funcionamento do sistema capitalista mundial não advém apenas de seu inconteste poderio militar. Ser a economia-chefe do mundo, com enorme peso em todo o processo de funcionamento do sistema econômico mundial, com impactos em todos os grandes indicadores econômicos de nosso tempo, permite aos Estados Unidos exercer um papel central nesse sentido. Como afirma Hobsbawm (2007), isso confere uma especificidade para o tipo de imperialismo praticado pelos Estados Unidos nos séculos XX e XXI, o que lhes permite, inclusive, ser um caso único de grande império devedor, haja vista seus recorrentes déficits na balança comercial e conta corrente.

No cap. 5, Hobsbawm se dedica a uma temática por muitos considerada fora de lugar com a globalização: a nação e o nacionalismo no século XXI, que dá nome ao capítulo. Aqui, temas como migração em massa, xenofobia, identidade nacional e cultural são analisados por ele. Como pano de fundo, o autor de História Social do Jazz analisa o futebol como portador de um duplo potencial de identificação coletiva. Em nível local, os clubes regionais desempenham tal função, assim como as seleções nacionais, em nível mundial. Contudo, afirma o autor, a intensificação do mercado mundial de jogadores, como também dos próprios clubes, faz com que conflitos econômicos e empresariais sejam a tônica desse esporte em nosso tempo, embora não apenas dele. Assim, é possível entender que

[...] o negócio global do futebol é dominado pelo imperialismo de umas poucas empresas capitalistas com nomes de marcas também globais – um pequeno número de superclubes baseados em alguns países da Europa, que competem entre si tanto nas ligas nacionais quanto, preferivelmente, nas internacionais. Seus jogadores são recrutados em todo o mundo (ibid., p. 93).

Nos caps. 6 e 7, o debate gira em torno da questão da democracia no século XXI. O reconhecimento de sua suposta universalidade faz com que Hobsbawm se dedique a apresentar como não é possível esquecer que os chamados regimes democráticos contemporâneos não abrem mão de formas de dominação e exploração, tanto interna como externamente. Assim como se nota uma expansão de regimes formalmente democráticos pelo mundo, observa-se um movimento de separação e afastamento dos cidadãos comuns dos processos políticos, salvo um diminuto envolvimento em processos eleitorais, sendo que estes também estão em declínio.

A desqualificação da política se conjuga com a diminuição crescente do interesse do conjunto da população pela participação política stricto sensu. Como diz Hobsbawm (2007), se o critério primeiro da democracia representativa e sua conseqüente legitimidade têm sido a eleição popular, fica a pergunta da representatividade de um processo que envolve cada vez menos o conjunto da população:

[...] houve um declínio na vontade dos cidadãos de participar da política, assim como na efetividade da maneira clássica – a única legítima, segundo a teoria convencional – de exercer a cidadania, ou seja, a eleição, por sufrágio universal, dos que representam 'o povo' e estão por isso mesmo autorizados a governar em seu nome. Entre as eleições – ou seja, por vários anos, normalmente –, a democracia existe apenas como ameaça potencial à sua reeleição ou à dos seus partidos (ibid., p. 107).

Nesse contexto, para consolidação e manutenção da dominação burguesa, nada mais funcional do que manter as tomadas de decisão longe dos olhos do público, ou, então, próximo, mas em uma linguagem hermética e incompreensível.

O terceiro aspecto do título do livro, Terrorismo, é o tema dos caps. 8 e 9, com a preocupação central de analisar as mudanças no terrorismo político do fim do século XX, motivo de interrogação para nosso autor. Para além da abordagem mais comum do tema, Hobsbawm resgata debates acerca dos grupos que buscavam fazer política por meio de ações terroristas no mundo, como Sendero Luminoso (Peru), Brigadas Vermelhas (Itália), Pátria Basca e Liberdade (ETA, da Espanha), Exército Republicano Irlandês (IRA), além de outros, sobretudo para marcar a diferença com a lógica de ação da Al-Qaeda, ainda que igualmente condenáveis. Aqui, o autor chama atenção para o fato de que, a despeito da publicidade das ações dos grupos terroristas mais recentes, bem como dos eventos ocorridos em Nova York, Madrid e Londres, o sistema internacional de poder – bem como as estruturais internas – não foi sequer abalado por tais atos. Como afirma o autor,

[...] se ocorreram efeitos negativos posteriores, eles não se deveram as ações dos terroristas, mas sim à do governo Americano. [...] isso ressalta a fraqueza relativa e absoluta dos movimentos terroristas da fase atual. Eles são sintomas, e não agentes históricos significativos [...]. Operando em países estáveis, com regimes estáveis e sem apoio de setores relevantes da população, eles são um problema policial e não militar (ibid., p. 135).

Por último, mas não menos importante, nosso autor retoma a análise sobre o imperialismo estadunidense em nosso tempo. Começando pelo reconhecimento de que "os Estados nacionais ainda são dominantes", Hobsbawm afirma que o império norte-americano tem não apenas pretensões, mas necessidade de operar em todo o globo. O próprio autor, porém, alerta que os Estados Unidos nunca exerceram um colonialismo clássico, visto terem ocupado diretamente outros países apenas por curto período de tempo. Sua lógica de atuação sempre foi mediante países dependentes e satélites, com apoio de governantes eleitos ou não, mas com forte apoio norte-americano.

O que torna nosso tempo mais dramático é a inexistência de qualquer outra potência capaz de fazer frente, militar e economicamente, contra os Estados Unidos, o que deve perdurar por algum tempo, que não é possível determinar. Enquanto isso, o perigo da desestabilização política do mundo é real, até mesmo pela natureza e voracidade recente das ações e gestões norte-americanas em contextos em que seus interesses são contrariados em qualquer parte do globo. A doutrina de guerra preventiva adotada por George W. Bush é seu retrato mais fiel. Hobsbawm, entretanto, defende que o imperialismo norte-americano pode não ser tão duradouro, em vista da fragilidade da economia estadunidense.

Contudo, as possibilidades de salto para a frente no sentido de aprofundamento da lógica de exploração, combinada com essa inconteste supremacia militar, abrem portas para um futuro muito pouco róseo. É isso que o novo livro do mestre Eric Hobsbawm nos lega. Ainda que menos brilhante do que A Era dos Extremos e do que sua magistral biografia Tempos Interessantes, este novo livro nos fornece relevantes questões para entendermos nosso tempo. Às portas de completar 91 anos, Eric Hobsbawm, mais uma vez, acerta na mosca.

Fonte: Melo, Marcelo Paulo de. Revista Sociedade e Estado - UNB

Resenha 2: A natureza do espaço

Nasce um clássico da geografia
Paulo Cesar da Costa Gomes

Este livro já nasce com a vocação de se transformar num clássico, tanto pelo projeto a que aspira, quanto pela síntese que ele é da obra de um pensador verdadeiramente original.

De fato, o projeto que inspira esta obra é o de ir, dentro de uma teoria social crítica, às raízes epistemológicas do pensamento geográfico, buscar a essência deste conhecimento, seus fundamentos, e justificar sua importância, sua necessidade e sua oportunidade. Estabelecer a natureza de uma reflexão geográfica significa reconhecer simultaneamente sua especificidade, sua identidade e sua colaboração no seio do conjunto das outras disciplinas. Significa também construir categorias analíticas independentes, dotadas de coerência e de operacionalidade. O recurso fundamental desta busca não é a costumeira reconstituição histórica, mas a discussão a respeito da natureza do objeto sobre o qual a reflexão geográfica deve se concentrar: o espaço geográfico.

Este espaço se define como sendo ''o conjunto indissociável de sistemas de objetos e sistemas de ações''. Trata-se de uma ''forma-conteúdo'', ou seja, pressupõe a inseparabilidade das formas físicas e dos sentidos a elas associados _é um híbrido. Estas formas-conteúdo se transformam continuamente, pois se constituem dentro de um processo sempre em movimento e, nesta transformação, são responsáveis pela criação e pela recriação dos lugares. Segundo Milton Santos, o motor desse movimento é a divisão do trabalho, que a cada momento atribui novos conteúdos e novas funções aos lugares.

Ainda na primeira parte do livro, Milton Santos afirma que este conjunto de objetos e ações tem como principal elemento mediador as técnicas. São elas, enquanto corpo instrumental e social, que intermediam a relação do homem com a natureza. Como o objeto técnico se insere, entretanto, num conjunto ordenado e coerente de objetos, num sistema, a própria técnica constitui um meio. Não há assim um meio técnico que se superpõe ao meio natural, mas há um meio geográfico, uma ordem espacial, que dispõe estes objetos segundo critérios de contiguidade, solidariedade e coerência espacial. Da mesma forma, o fenômeno técnico é ritmo, sucessão e, por conseguinte, é uma medida de tempo. Tempo e espaço são equivalências, quando considerados sob o ângulo dos fenômenos técnicos impressos nos objetos e nas práticas de sua realização. Através desta perspectiva, vemos ressurgir uma nova alternativa na geografia, a de dissolver as recorrentes dicotomias que marcam a história do pensamento geográfico: físico/humano, geral/local, espaço/tempo.

A segunda metade do livro se dedica a aplicar estas categorias ao presente. Desde o final da Segunda Grande Guerra, teríamos entrado em um novo momento histórico, denominado período técnico-científico, o qual se intensificou nos anos 80, ao enxertar o elemento informacional, portador de grandes transformações. Este momento se caracteriza basicamente pelo ritmo frenético da inovação tecnológica, que, uma vez acessível, se legitima como inevitável e irreversível, sob o comando de uma hegemônica racionalidade instrumental. Paralelamente, há um processo de convergência trazido por esta rápida e ubíqua difusão que se estende por áreas cada vez maiores e envolve um número crescente de pessoas, gerando, na expressão do autor, uma multiplicidade de instalações e uma pluralidade de comandos. Tudo isso submetido a uma unicidade das técnicas, dos padrões produtivos, uma unicidade de um mesmo tempo, um tempo da globalidade.

A exposição deste novo momento do mundo, de um meio técnico-científico informacional, possui também o grande mérito de problematizar o fenômeno da globalização, que tem sido frequentemente vítima de raciocínios simplistas e apocalípticos. A descrição da trama dos atores que cooperam neste sistema analítico recoloca em novos patamares a relação dialética mantida entre o local e o global, ao mesmo tempo em que define as esferas destas ordens e suas interdependências. Ou, em suas próprias palavras,''cada lugar é, à sua maneira, o mundo''.

A complexa estrutura deste espaço que funde local/global, o papel das normas, o conflito de diferentes racionalidades sediadas em diferentes espaços, as redes e sua horizontalidade fundada na vizinhança ou ainda a função reguladora da verticalidade, que articula diferentes pontos no espaço, são algumas das idéias mais importantes que animam este fértil e original relato.

Este breve e insuficiente resumo das principais idéias contidas no livro não traduz, nem palidamente, a elegância e a complexidade do sistema analítico proposto por Milton Santos. Tampouco podemos ser enfáticos o bastante a propósito da descrição, efetivamente rica e instigante, que ele nos faz dos tempos atuais, a partir das categorias derivadas desse sistema. Muitas questões surgem da leitura e, sejamos precisos, as hesitações aparecem, sobretudo pelo fato de ser proposto um novo sistema de interpretação, obrigando-nos assim a revisitar algumas recorrentes discussões do pensamento geográfico, sobre a região, a escala, o território, entre outras, vistas agora sob um novo ângulo. Por isso mesmo, este livro se constitui num convite irrecusável à reflexão, pois reanima o debate epistemológico, atualiza velhas discussões, ao mesmo tempo em que redefine a agenda temática da geografia.

Os novos tempos talvez não nos autorizem a falar verdadeiramente de uma ''Escola Brasileira de Geografia'', mas certamente nos é permitido constatar a emergência de uma comunidade geográfica madura, produtiva, atuante nas principais questões trazidas pelo contexto atual e refletindo sobre recortes temáticos cada vez mais amplos, com grande grau de precisão e justeza. Milton Santos é, sem dúvida, o personagem central desta epifania. Muito mais do que um mandarim local, este autor, internacionalmente reconhecido, é o pioneiro plantador em novas fronteiras do pensamento geográfico. Sua obra não nos convida à consulta, como a um oráculo, mas provoca reações, desafia nossas certezas e incita a abertura de novas frentes de debate e reflexão. O pensamento geográfico tem, sem dúvida, uma dívida irresgatável com Milton Santos, e este seu último livro é mais um testemunho enfático disso.

Paulo César da Costa Gomes é professor do departamento de geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e autor de ''Geografia e Modernidade'' (Bertrand Brasil).

Fonte: Folha de São Paulo