9 de set. de 2012

Sobre o "ranking" das Universidades publicado pela Folha

Sinceramente nunca (ou quase nunca) vi uma coisa tão ridícula e desrespeitosa com a Universidade Pública como esse "ranking" inédito recentemente divulgado pela Folha de São Paulo.

Não dá nem para levar a sério uma coisa dessa. Basicamente a metodologia consistiu em perguntar a pesquisadores do CNPq e a figuras do mercado (gerentes de RH de empresas) quais as universidades eles apontariam como a melhor.

Pergunte ao pesquisador classe A do CNPq da USP qual a universidade qu
e ele considera melhor? Pergunte ao gerente de RH de uma empresa de Belo Horizonte, qual ele considera melhor? Será que essas figuras conhecem a existência e a qualidade de universidades que estão fora do eixo do Sul Maravilha?

Mas não apenas isso. Será que podemos comparar kibe com Kiwi? Como vamos avaliar sobre os mesmos critérios universidades já consolidadas com aquelas ainda em processo de consolidação ou mesmo novíssimas universidades? Ou ainda, como vamos comparar universidades que tem acesso a maiores e melhores investimentos em pesquisa, ensino e extensão com aquelas que não tem?

Será uma tremenda coincidência que a maioria das universidades no topo do "ranking" esteja localizada no Sul-Sudeste?

Ainda, será coincidência que esse "ranking" apareça agora, quando da maior greve do ensino superior federal?

Esse "ranking" apenas reflete o que tem sido a intenção e o projeto de universidade desse país. Um pequeno número de universidades onde residem um número ainda menor de intelectuais de ponta. Esses sim com acesso e incentivos reais. Definidos por critérios de avaliação fundamentados em princípios produtivistas, competitivos e de mercado.

E as demais? São apenas as OUTRAS. Se transformam em "escolões" para garantirem o mínimo de acesso ao ensino superior. Apenas isso.

Surpreende alguém levar isso a sério!

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